A CRISE DE DESEMPREGO: A GRANDE QUESTÃO SOCIAL PARA OS PRÓXIMOS VINTE ANOS

Em 1973, o número de desempregados nos países da OCDE era de 11,3 milhões de indivíduos. Deste número, a fatia de desempregados de longa duração (ou seja, desempregados há mais de um ano era estimada em média em cerca de 20%, embora existissem marcadas variações entre países).Em 1991, o número de desempregados, nos países da OCDE era superior a 30 milhões (ou seja, 6,9% da população activa). Destes, o número de desempregados de longa duração era superior em quase metade-50%.As economias dos países mais avançados não pararam de crescer durante o período de 1960-1987, contudo a criação de emprego decresceu (como o caso, por exemplo, da França, Reino Unido e Alemanha) ou o seu índice foi inferior ao índice de crescimento do PIB (casos do Japão e dos EUA).Os dados parecem confirmar largamente a presente tendência para um divórcio entre crescimento o económico e o desemprego.Porque motivo o pleno emprego deixou, aparentemente, de ser um objectivo realista, que já ninguém se atreve a propô-lo como prioridade para os esforços nacionais?Dever-se-á admitir que o pleno emprego não foi mais do que um fenómeno do após Guerra Mundial.Quais as implicações e consequências da quase universal crença e aceitação do facto de a economia não ter possibilidade de fornecer um trabalho duradouro e a tempo inteiro a todos os indivíduos?Irá conduzir ao êxodo industrial massivo da mesma magnitude do êxodo rural e agrícola, ou irão os serviços – ou novas formas de ocupação (muita gente pensa numa economia social e numa economia informal – absorver a mão de obra excluída).Serão a redução e partilha do trabalho medidas inevitáveis?A crise do pleno emprego nos países mais ricos e industrializados reflecte-se, sem dúvida, em importantes mudanças no papel da mão-de-obra directa…… Na produção e distribuição da riqueza…e do papel do emprego e o trabalho no desenvolvimento humano e na vida social…Numa perspectiva histórica, a substituição da mão-de-obra directa pela máquina no processo de produção parece ser inevitável. A onda de automação surgida a partir dos anos 70, associada à tecnologia micro electrónica e às novas engenharias organizacionais e de gestão, especialmente nas empresas do sudeste asiático, acelerou ainda mais o processo de racionalização e de redução de postos de trabalho em muitos sectores de mão-de-obra intensiva, como seja a indústria do aço, a construção naval, os têxteis, a indústria automóvel e a indústria de componentes micro eléctricos. O chamado “Lean Production System” ou “Toyotismo” (Toyota Production System or just-in-time production), através do qual os países da OCDE estão gradualmente a substituir o antigo sistema de produção baseado no “Fordismo” (originalmente desenvolvido nos EUA e seguindo-se à introdução dos princípios do Taylorismo e da linha de montagem), não se desvia da referida tendência histórica.Até há bem pouco tempo, a criação de emprego nas actividades de serviços conseguia, em parte, compensar o declínio do emprego na indústria, de forma semelhante àquela como a indústria conseguia compensar a redução de trabalho na agricultura, nas primeiras décadas deste século. Contudo, a introdução e utilização no sector dos serviços de processos baseados na automação e na informática, e que estão a prepará-lo para a extensão de um sistema de “Toyotismo” no processamento de dados, irá limitar o papel desses serviços enquanto travão à onda de desemprego que continua a crescer.Soluções tecnológicas para vencer as dificuldades estão a surgir em todos os sectores da economia, contrariamente às anteriores “revoluções” tecnológicas que ocorrem em sectores bastante específicos. Assim, antigamente, o emprego perdido podia ser compensado em qualquer outro. Hoje em dia, com a alta tecnologia e penetrar em simultâneo todos os sectores da economia, isso deixou de ser possível.Um número crescente de analistas e homens de negócios têm sérias dúvidas sobre a possibilidade de serviços actuarem como reservatório de postos de trabalho, e assim assegurarem um regresso ao pleno emprego. Prevêem que, como a tecnologia substitui já o trabalho humano em quase todos os serviços de rotina; da banca, das seguradoras, do turismo, dos serviços sociais e de administração, os desenvolvimentos tecnológicos e o progresso técnico irão futuramente afectar também serviços de elevado valor acrescentado, especialmente os serviços de negócio. Outros analistas mantêm ainda a esperança de que os serviços pessoais (da família, da saúde e dos idosos), comunitários e sociais poderão fornecer uma importante fonte de criação de emprego.